segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Inácio defende legitimidade dos partidos aliados terem candidatos

Pretenso candidato a prefeito de Fortaleza, o senador Inácio Arruda (PCdoB) disse que a “etapa de compromissos” políticos com a prefeita de Fortaleza (CE), Luizianne Lins (PT), está “encerrada”. Para ele, depois de ajudar a eleger Luizianne no segundo turno das eleições de 2004 e apoiar a reeleição da petista, em 2008, o PCdoB agora entende que é o momento de lançar candidatura própria para chegar ao Paço Municipal.

Um dos objetivos do partido para as eleições 2012 é pressionar para que o primeiro turno da disputa esteja “aberto” para mais de uma candidatura entre os partidos que compõem a atual base de apoio da administração petista. Inácio defendeu a legitimidade das siglas em apresentarem seus candidatos e citou que PMDB e PSB, por exemplo, já falam em candidaturas próprias.

Apesar de deixar claro que o partido não irá para uma candidatura própria em qualquer cenário, o senador diz que o PCdoB não se sentiria intimidado por uma possível união entre Luizianne e o governador Cid Gomes (PSB) em torno de um único candidato – que teria, assim, o apoio dos dois grupos políticos mais fortes do estado.

Na última sexta-feira (20), ele afirmou que mesmo se consolidada essa união, haveria ainda “espaço” para uma candidatura própria do PCdoB, mas evitou opinar sobre o destino da aliança entre prefeita e governador.

“Buscamos honrar intensamente o compromisso com Luizianne (...) e começamos agora uma nova etapa, em que nós consideramos a hipótese justa de termos um candidato no primeiro turno”, disse Inácio.

O senador, que tem pretensões de vir a ser candidato do PCdoB nas eleições 2012, revela que o partido ainda discute outras possibilidades, como o deputado federal Chico Lopes (PCdoB) ou o deputado estadual Lula Morais (PCdoB).

Fonte: Vermelho.org

Solidariedade com o Pinheirinho; hoje mobilizações em todo o país

Domingo, 22 de janeiro de 2011. O país amanheceu estarrecido frente à informação de que a tropa de choque da Polícia Militar de São Paulo entrou no Pinheirinho para cumprir o mandato de reintegração de posse da área, ocupada por 6 mil pessoas há 8 anos.

Os moradores ainda dormiam quando as casas começaram a ser desocupadas pela ação da
Polícia Militar e da Guarda Civil de São José dos Campos/ Foto: Roosevelt Cassio/ Reuters

O terreno, localizado em São José dos Campos, a 87 km de São Paulo, é ocupado por essas famílias há 8 anos. Apesar de os moradores terem se preparado para resistir à desocupação, pouco pôde ser feito frente à ação de surpresa da polícia, que chegou ao local por volta das 6h.

A ação militar deixou um rastro de destruição no local. De acordo com o jornal do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e região, tratores enviados pela prefeitura destruíram a Capela Madre Tereza de Calcutá, construída pelos moradores. Também foi destruído o barracão onde aconteciam as assembleias, festas e reuniões da comunidade. O objetivo é demolir as mais de 2 mil casas erguidas no local.

A ação surpreendeu a todos e inclusive o governo federal, que esperava uma saída negociada para questão. "Ficamos sabendo hoje [domingo, 22]. A informação que eu tinha até ontem [sábado, 21] é que a Justiça Federal havia sustado [a decisão de reintegrar a posse]. Antes disso, havia um acordo para adiar por um prazo de 15 dias com o juiz da massa falida. Aí hoje (domingo) ficamos sabendo dessa situação. Assim que eu soube falei com o governador e o presidente do tribunal", declarou o ministro José Eduardo Cardozo.

O ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria-Geral da Presidência, afirmou ter estranhado o fato de o prefeito de São José dos Campos, Eduardo Cury (PSDB), ter desmarcado uma reunião sobre a ocupação na quinta-feira (19) passada.

Já o deputado Paulo Teixeira (PT) criticou o governo estadual comandado pelo tucano Geraldo Alckmin: "Ele se omitiu dessa situação. É uma ação que poderia ter sido evitada porque é uma disputa em torno de habitação", afirmou.

Improviso
Abrigo improvisado tinha lama e não havia colchões ou cobertores para as famílias que vão dormir no local / Foto:Julianna Granjeia/Folhapress

Além do efeito surpresa aos moradores, ao que parece o poder público também não estava preparado para o fato. As duas grandes tendas que foram armadas no Centro Poliesportivo do Campo dos Alemães para socorrer os moradores se encontram em condições precárias, de acordo com descrição da Folha de S. Paulo.

Uma delas tem um piso de madeira, mas a outra está enlameada devido à chuva que caiu na cidade neste domingo. Nos dois locais, há apenas algumas cadeiras para os desabrigados. De acordo com a reportagem, no local havia banheiros químicos, mas não colchões ou cobertores para aqueles que iriam pernoitar no local. Também faltava água e comida.

Violência

De acordo com a PM, 2 mil policiais, 220 viaturas, cem cavalos, 40 cães e 300 agentes da prefeitura participam da operação para retirar as famílias do Pinheirinho.

De acordo com a publicação sindical, o ajudante de pedreiro David Washington Castor Furtado, de 32 anos, ferido a bala durante a ação, poderá ficar paraplégico. Segundo relato da mãe de Furtado, Rejane Furtado da Silva, no momento em que foi baleado, ele tinha acabado de sair do Pinheirinho e carregava seu filho de 10 meses no colo.

Segundo médicos, ele corre o risco de ficar paraplégico. “Até agora o meu filho não está sentindo as pernas. É muita desgraça. A esposa dele, que viu tudo, está em estado de choque”, disse dona Rejane, que é categórica ao afirmar que a bala partiu da Guarda Municipal.

Mobilização

Manifestante, na Paulista, usa máscara com rosto do governador Geraldo Alckmin sujo de sangue
/Foto:Nelson Antoine/Fotoarena/AE

No domingo (22), cerca de 500 manifestantes, segundo estimativa da Polícia Militar, fecharam o sentido Consolação da Avenida Paulista em protesto contra a reintegração de posse da comunidade do Pinheirinho. Nesta segunda-feira (23) estão sendo planejados atos em diversas cidades do país em apoio aos moradores e contra a truculência do Estado. Confira:

São José dos Campos - às 9h, na Praça Afonso Pena
Belo Horizonte - 16h na Praça da Liberdade
Porto Alegre - 12h na Esquina Democratica
Belém - 09h na ALEPA
Brasília - 10:30 no gramado do Congresso Nacional
Teresina - 14h, Praça do Fripisa
Rio de Janeiro - 16h Largo da Carioca, Centro
Franca (SP) - 17h no Terminal de Ônibus
Curitiba - 17h na Boca Maldita
Londrina - 18h no Calçadão
Juiz de Fora - 17h no calçadão
Guarulhos/SP - 17h Praça da Matriz
Fortaleza - 17h na Rua 13 de maio
Macaé - 17h na Praça Veríssimo Melo

Entenda o imbróglio jurídico

Na última quarta-feira (18) à noite, houve um acordo entre a massa falida da empresa e os moradores do Pinheirinho. Foi acordado que haveria uma trégua de 15 dias, para um entendimento entre as partes envolvidas.

A questão da reintegração esteve envolta em uma disputa das competências entre magistrados federais e estaduais. No domingo (22) estavam em vigor duas determinações: a Justiça estadual determinava a desocupação da área, enquanto a federal determinava que nada fosse feito. Apenas à noite, após a operação, é que o Superior Tribunal de Justiça emitiu uma decisão liminar dizendo que a competência sobre a permissão de reintegração de posse era da Justiça Estadual.

A Justiça Federal envolveu-se na questão porque havia um projeto do governo federal para urbanizar a área.

Após o início da ação, moradores entraram com um pedido na Justiça Federal para que a reintegração parasse e os responsáveis pelo comando da operação fossem presos, por terem descumprido a ordem judicial.

Da Redação do Vermelho,
com informações da Folha de S. Paulo e do jornal do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Renato Rabelo: Juros em queda, horizonte de oportunidades

Pode não ser o melhor dos mundos, mas em política um passo adiante vale mais do que mil discursos e milhões de intenções. Com a quarta queda seguida da taxa de juros (SELIC, que foi a 10,5% ao ano) fica claro que existe uma transição na política monetária. Algo nada desprezível para os padrões e a força que o discurso monetarista ainda detém na sociedade e no Estado.


Mas o caminho é longo, tortuoso e complexo. A indústria nacional teve um ano de 2011 de séria afronta à sua sobrevivência, fato este marcado pela perda de 35,5 mil vagas. A taxa de investimentos com relação ao PIB ainda é muito baixa para os padrões de uma economia continental.

Os entulhos neoliberais continuam em ação, impedindo ainda uma ação contundente para problemas sérios, entre eles o do próprio perfil da dívida pública e da taxa câmbio. O investimento público e privado precisa crescer numa velocidade capaz de tirar nosso país do atraso não somente em relação aos países desenvolvidos, mas mesmo entre nossos parceiros do BRIC`s.

As ameaças externas ao nosso desenvolvimento ainda estão vivas. O crescimento previsto para o mundo em 2012 é de apenas 2,2%. E o Brasil pode crescer 5%. É momento de o país apostar na construção de um mercado interno vigoroso e num crescimento mais pautado no investimento e menos no consumo.

Nosso país tem capacidade, disso não temos dúvidas. O horizonte se abre cada vez mais diante da nação. Esta nova queda da taxa de juros é apenas expressão deste movimento.