Um dia histórico para o país. Nesta quarta-feira (21), o deputado Protógenes Queiroz protocolou junto ao presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), o requerimento para a instalação da CPI da Privataria Tucana. “A Câmara hoje se mobiliza atendendo a um apelo popular muito forte, através principalmente das redes sociais”, comentou Protógenes.
“Começou como CPI da Privataria, mas muitos já estão
chamando de CPI da Cidadania, pois é uma CPI pluripartidária, com
assinaturas de todos os partidos. Muitos deputados da oposição assinaram
porque também se disseram surpreendidos com as revelações do livro”,
informou o deputado comunista.
Foram colhidas 206 assinaturas para a instalação de uma Comissão
Parlamentar de Inquérito que pretende investigar um grande esquema de
corrupção ocorrido durante o processo de privatizações das estatais no
governo de Fernando Henrique Cardoso.
O fato novo que motivou o pedido de CPI foi a publicação do livro Privataria Tucana,
do jornalista Amaury Ribeiro Junior, que trouxe centenas de documentos
comprovando o recebimento de propinas e lavagem de dinheiro em paraísos
fiscais. Participaram da entrega do requerimento, ao lado de Protógenes,
os deputados Jô Moraes (PCdoB-MG), Reginaldo Lopes (PT-MG), Ricardo
Berzoini (PT-SP) e Chico Alencar (PSOL-RJ).
Clamor popular
Protógenes considerou um dia histórico, pois os deputados atendem a um
clamor popular pela criação da CPI. “Queremos esclarecer e dizimar uns
fantasmas que rondam a política brasileira. Nas privatizações da década
de 90, nós pagamos um custo social muito alto e agora descobrimos para
onde foi o dinheiro”.
O deputado fez questão de ressaltar que todo o movimento que surgiu no
país se deve `a publicação do jornalista Amaury, “é muito mais que um
livro, é um verdadeiro documento, uma espécie de libelo acusatório. E
nós vamos procurar através dessas acusações as verdades que o Brasil
quer e precisa saber”.
Delegado da Operação Satiagraha, que em 2008 prendeu o banqueiro Daniel
Dantas, Protógenes viu conexões entre as informações do livro e outras
operações policiais. “Nunca imaginávamos que grande volume de dinheiro
enviado para o exterior era do processo de privatização”, afirmou.
Presidente
O presidente Marco Maia considerou que esta pode ser uma “CPI explosiva,
com contornos muito claros de debate político”. Maia informou que
recebido o requerimento, o próximo passo é encaminhar para a secretaria
geral da Câmara para as devidas conferências. “Além disso, será feita
uma análise jurídica do conteúdo do requerimento. Vamos cumprir na
integralidade do regimento no que diz respeito a instalação da CPI e
assim identificar se há um fato determinado”.
Maia comunicou também que ainda essa semana vai assinar a constituição
de duas CPIs para começarem a funcionar a partir do início do próximo
ano. A primeira investigará o possível aumento do trabalho escravo no
país e outra terá como foco o tráfico de pessoas, em um trabalho
complementar ao que foi desenvolvido no Senado.
De Brasília,
Kerison Lopes
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