terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Privatizar aeroportos é um retrocesso, afirmam centrais

Nesta segunda-feira (06), às 10h, as centrais sindicais realizaram protesto, no centro da cidade, em frente à sede da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). O ato é resultado da campanha contra o processo de privatização dos aeroportos de Aeroporto Internacional de Guarulhos/Cumbica em São Paulo, Aeroporto de Viracopos em Campinas e do Aeroporto Internacional de Brasília.

                          Foto: Dino Santos/CUT

A Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) tem uma posição firme contra a privatização dos aeroportos.

O vice-presidente da entidade, Nivaldo Santana, afirmou, em entrevista ao Vermelho, que “a transferência desses bens públicos [aeroportos] para grupos privados significa uma verdadeira mina de ouro para os empresários. Nós temos convicção de que a Infraero tem todas as condições e qualificações técnicas para administrar os aeroportos. Somos contra a privatização”.

Em nota publicada nesta segunda-feira (06), Paulo Pereira da Silva (Paulinho), presidente da Força Sindical, reconheceu que o sistema aeroviário necessita passar por modernização, já que este setor se configura como ponto estratégico pára o desenvolvimento e evolução de nossa economia. Porém, frisou que essa modernização não deve estar atrelada a nenhum tipo de demissão.

“Não aceitaremos demissões em hipótese alguma. Exigimos respeito com os direitos adquiridos dos trabalhadores, que estarão sob nova direção após as concessões". Ele acrescenta que "os aeroportos devem ser fiscalizados por toda a sociedade, em vista de perspectivas de que as concessionárias façam melhorias visando plenas condições para os importantes eventos esportivos que serão realizados em nosso País, como a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016”, diz Paulinho.

Em declaração à imprensa, o secretário geral da Central única dos Trabalhadores (CUT), Quintino Severo, explica que da forma como o assunto vem sendo tratado, estimula a participação estrangeira nos consórcios que disputarão os aeroportos mais rentáveis do país. Além disso, ele lembrou que será o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) quem irá financiar o grupo vencedor, com investimentos de até 90%.

É preciso “reagir a um ataque inaceitável ao patrimônio público. Vivemos um momento de crise nos países capitalistas centrais, o que torna necessária uma ação mais ativa do Estado no fortalecimento do mercado interno. Privatização e desnacionalização não contribuem em nada para o desenvolvimento nacional soberano, pelo contrário”, reagiu Quintino.

Retorno ao passado

Ubiraci Dantas (o Bira), presidente da Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB), disse que a manifestação desta segunda-feira (06) lembrou um capítulo triste de nossa história, quando da política de privatização empreendida pelo governo FHC.

“A mobilização retrata nossa indignação com essa política de privatização do patrimônio público brasileiro. Esse leilão de ontem [segunda-feira (06)] se configurou como uma retrocesso e se essa moda pega o patrimônio público logo irá inexistir”, denuncia Bira.

O sindicalista ressaltou que não houve diálogo para uma saída diferente. Ele também questionou o motivo de ter sido a iniciativa privada, e não a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), a receber o financiamento do BNDES.

“O que temos aqui é um resgate ao período das privatizações. Nosso compromisso é com a luta forte frente à atual política macroeconômica exercitada no país. Brigaremos até o fim pelo investimento no patrimônio público e pelo fortalecimento do Estado”, finaliza Bira.

Joanne Mota da Redação do Vermelho

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